“Eu nunca saí daqui, isso é parte de mim”, refletiu Karl Lagerfeld sobre voltar para sua cidade natal, Hamburgo, para apresentar a mais nova coleção pré-outono da CHANEL. Mesmo após muitos anos em contato com o joie de vivre parisiense, como é seu caso, é impossível não ficar impactado ao voltar para uma cidade repleta de memórias de infância e adolescência. E em Hamburgo, marcada por estar às margens do rio Elbe e por sua história de recuperação depois da Segunda Guerra Mundial, não poderia ser diferente. “Eu gosto de Hamburgo como uma ideia, algo que fica na minha mente”, descreveu.
O desfile dessa coleção tem uma diferença importante das outras marcas que também se apresentam nessa época. Ele é o “Métiers D’Art“, que celebra e apresenta o trabalho de companhias da própria CHANEL, experts cada uma em sua área, entre elas a Lesage, que tem bordados icônicos, a Goossens, que produz joias, a Barrie, especialista em cashmeres, e a chapelaria tradicionalíssima Maison Michel. O conceito da marinha caiu como uma luva para a apresentação. O estilo clássico da CHANEL foi traduzido para as roupas e elementos da vida náutica, construída ao redor do porto. Todas as modelos e todos os modelos, por exemplo, apareceram com um chapéu com essa inspiração produzido pela Maison Michel.
O desfile na Elbpphilarmonie foi aberto com uma série de marinheiros, e depois seguiu com a top Anna Ewers. Tricôs artesanais e botas de cano alto dividiram a atenção com os importantes detalhes que direcionam a criação: broches e pingentes brilhantes, bolsas com shape de contêiner e de acordeão (fazendo alusão às tabernas da cidade), além da lã, trançada em forma de corda naval. Até mesmo os tijolos dos prédios da cidade foram transformados em bordados, tudo dentro parte de uma paleta de cores sóbrias.
A razão pela qual Karl decidiu que finalmente era hora de revistar Hamburgo mora tanto em suas memórias familiares quanto no edifício da Elbephilharmonic, onde foi apresentado o desfile. A Hamburgo da juventude de Karl logo não seria mais a mesma, depois do impactos da Segunda Guerra Mundial. Quando o combate acabou, sua mãe convenceu-o a partir para Paris usando uma figura de linguagem: “Hamburgo é o portão do mundo, mas você tem que atravessá-lo.”
O prédio escolhido para o desfile foi criado pela firma Herzog DeMeuron, e se mostra para o porto de Hamburgo com sua fachada de vidro. Apesar do resgate histórico da região, o prédio é moderno, focado na herança musical alemã e interessado em falar sobre o presente. Deixando a nostalgia de lado e ao som do violoncelista Oliver Coates, juntamente com a Orquesta Ensemble Resonanz, de Hamburgo, Karl fez isso ecoar em sua coleção.
(Agência Fotosite/Divulgação)
Fonte: Elle Brasil